Pular para o conteúdo
Casal de idosos brasileiros sentados à mesa da cozinha, analisando recibos e itens da cesta básica para planejar suas finanças.

Cesta Básica 2024: Sua Aposentadoria Compra o Mês? [Cálculo]

Você já teve a sensação de que, a cada mês que passa, o dinheiro da aposentadoria parece encolher no caixa do supermercado? Depois de uma vida inteira de trabalho, a única preocupação deveria ser desfrutar de um descanso merecido. No entanto, a alta no preço dos alimentos transforma a ida às compras em um desafio. A boa notícia é que entender como a cesta básica afeta suas finanças é o primeiro passo para retomar o controle. Vamos mostrar, de forma simples e direta, como fazer um cálculo prático para comparar sua renda com os custos essenciais. Com este guia, você terá mais clareza e segurança para organizar seu orçamento e proteger sua qualidade de vida, sem precisar ser um especialista em finanças. A tranquilidade que você merece está ao seu alcance.

O Que é a Cesta Básica e Por Que Ela Mexe Tanto com o Seu Bolso

O Que é a Cesta Básica e Por Que Ela Mexe Tanto com o Seu Bolso

Pense na sua casa como um carro. Para que ele funcione, você precisa de combustível. Para o lar, o combustível essencial é a comida na mesa. A Cesta Básica de Alimentos é exatamente isso: o tanque mínimo necessário para garantir que a sua família tenha energia para viver o mês. Ela representa o conjunto de alimentos que um trabalhador adulto precisaria para se manter saudável. Quando o preço desse “combustível” sobe, a viagem do mês fica mais curta. Para quem vive de aposentadoria, com uma renda fixa, essa variação no preço da bomba é sentida de forma imediata e intensa. Cada centavo a mais no supermercado é um centavo a menos para remédios, contas ou um pequeno lazer. Por isso, entender a cesta básica não é apenas uma curiosidade econômica; é uma ferramenta de sobrevivência e planejamento.

Essa lista de itens não foi criada ao acaso. Ela foi estabelecida oficialmente no Brasil pelo Decreto-Lei nº 399, de 30 de abril de 1938. Sim, é uma lei antiga, mas sua lógica continua atual. A ideia era definir uma quantidade mínima de alimentos com calorias e proteínas suficientes para o sustento de uma pessoa. Embora a nossa alimentação tenha mudado muito desde então, essa cesta continua sendo o principal termômetro do poder de compra do brasileiro. Ela mede o custo da alimentação mais fundamental. Se o valor da aposentadoria não consegue cobrir nem mesmo essa base, acende-se um grande sinal de alerta para a saúde financeira do lar.

A responsabilidade por medir o custo dessa cesta em todo o país é do DIEESE, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos. Mensalmente, pesquisadores do DIEESE vão a supermercados nas capitais brasileiras e coletam os preços dos produtos que compõem a cesta. É por isso que você ouve nos jornais que “a cesta básica ficou mais cara em São Paulo” ou “mais barata em Fortaleza”. O custo de vida varia muito de uma cidade para outra, e o DIEESE captura essa realidade. Para o aposentado, essa pesquisa é uma aliada valiosa. Ela mostra, com números, a realidade que você já sente no bolso e serve como base para o nosso cálculo no próximo capítulo.

Mas o que, afinal, compõe essa cesta? São 13 produtos que representam diferentes grupos alimentares, pensados para fornecer uma nutrição básica. Visualizar essa lista ajuda a concretizar o conceito.

Os 13 Itens da Cesta Básica Nacional de Alimentos

| Item | Quantidade Mensal (para 1 pessoa) |
| :— | :— |
| Carne | 6 kg |
| Leite | 7,5 litros |
| Feijão | 4,5 kg |
| Arroz | 3 kg |
| Farinha | 1,5 kg |
| Batata | 6 kg |
| Legumes (Tomate) | 9 kg |
| Pão Francês | 6 kg |
| Café em Pó | 600 g |
| Frutas (Banana) | 7,5 dúzias |
| Açúcar | 3 kg |
| Banha/Óleo | 900 g |
| Manteiga | 750 g |

Nota: As quantidades são definidas pelo Decreto-Lei e servem como referência para o cálculo do DIEESE.

Ao olhar para a tabela, você percebe que são itens do dia a dia. Agora, a pergunta de um milhão de reais: por que os preços desses produtos mudam tanto?

Existem dois grandes vilões nessa história: a inflação e a safra.

A inflação é como um vazamento lento no pneu do seu poder de compra. Ela é o aumento geral e contínuo dos preços de quase tudo. O dinheiro que você tem na conta ou na carteira passa a valer menos. Hoje, com R$ 100, você compra uma quantidade de produtos. Daqui a um ano, com os mesmos R$ 100, você comprará bem menos. Para o aposentado, cujo reajuste no benefício nem sempre acompanha a velocidade da inflação, essa perda é sentida de forma brutal. É a sensação de correr em uma esteira, fazendo esforço apenas para permanecer no mesmo lugar.

O segundo fator é a safra. Muitos itens da cesta básica vêm diretamente do campo, como o tomate, a batata, o feijão e o arroz. A produção agrícola depende do clima. Muita chuva pode estragar a colheita. Uma seca prolongada pode diminuir a produção. Quando a oferta de um produto no mercado diminui, mas a procura continua a mesma, o preço sobe. É a lei da oferta e da procura em ação. Você já deve ter notado como o preço do tomate dispara em certas épocas do ano. Isso geralmente está ligado a problemas na safra. Entender esses ciclos ajuda a planejar as compras, substituindo temporariamente um item caro por outro mais em conta.

Compreender esses movimentos de mercado é o primeiro passo para um planejamento financeiro mais seguro. Para aprofundar seus conhecimentos sobre economia e gestão do seu dinheiro, você pode explorar guias e notícias em portais especializados. Manter-se informado é uma forma de se proteger e tomar decisões melhores. No portal Finance In Focus, por exemplo, você encontra diversas análises que podem ampliar sua visão sobre o cenário econômico.

Dominar o conceito da cesta básica é, portanto, o ponto de partida. Ela é mais do que uma lista de compras; é um índice vital da sua saúde financeira. Ela mostra a pressão que a economia exerce sobre a sua renda fixa. Ignorá-la é como navegar sem bússola. Acompanhá-la é ter em mãos a primeira e mais importante informação para garantir que sua aposentadoria seja suficiente não apenas para sobreviver, mas para viver com a tranquilidade que você merece. Agora que entendemos o que é a cesta básica e por que seu preço muda, estamos prontos para a parte prática: calcular exatamente quanto dela a sua aposentadoria consegue pagar.

O Raio-X do Seu Orçamento: Sua Aposentadoria vs. Cesta Básica

O Raio-X do Seu Orçamento Sua Aposentadoria vs Cesta Básica

No capítulo anterior, entendemos o que é a cesta básica e por que ela funciona como um termômetro para a sua vida financeira. Agora, é hora de ir além da teoria. Vamos colocar a mão na massa e transformar a informação em poder. Este capítulo é um guia prático, um passo a passo para você fazer um verdadeiro raio-x do seu orçamento. Olhar para os números de frente pode parecer assustador, mas lembre-se: conhecimento é controle. Ao final deste exercício, você não terá apenas números, mas um mapa claro da sua realidade financeira. E com um mapa em mãos, fica muito mais fácil traçar a rota para a tranquilidade.

Vamos juntos, passo a passo, descobrir qual é o peso real da cesta básica na sua aposentadoria.

1. Prepare Suas Ferramentas

Antes de começar, separe o que vamos precisar. É tudo muito simples. Você vai usar:

  • Um caderno e uma caneta, ou a calculadora do seu celular.
  • O valor exato da sua aposentadoria (o valor líquido, aquele que cai na sua conta).
  • Acesso à internet para uma pesquisa rápida.

Pronto? Então vamos ao que interessa.

2. Identifique o Valor da Sua Aposentadoria

O primeiro número do nosso cálculo é o mais importante: o seu dinheiro. Pegue seu extrato bancário ou o comprovante do benefício. Precisamos do valor líquido. Ou seja, o valor final após todos os descontos, como o do Imposto de Renda (se houver) ou de empréstimos consignados. Esse é o dinheiro com o qual você realmente conta para viver o mês.

  • Exemplo Prático: Conheça a Dona Lúcia
    Dona Lúcia é aposentada e mora em São Paulo. Ela recebe um salário mínimo de aposentadoria. Em 2024, o valor do salário mínimo é de R$ 1.412,00. Este será o Valor da Aposentadoria que usaremos no nosso exemplo.

Anote o seu valor agora.

3. Encontre o Preço da Cesta Básica na Sua Capital

Como vimos, o preço da cesta básica muda de cidade para cidade e de mês para mês. Para nosso cálculo ser preciso, precisamos do valor mais recente para a sua localidade. A fonte mais confiável para isso é o DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).

Veja como encontrar essa informação:

  1. Abra o navegador de internet.
  2. Pesquise por: “Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos DIEESE”.
  3. Clique no link que leva ao site do DIEESE. Você encontrará a publicação mais recente, geralmente em formato de tabela ou relatório.
  4. Procure pela sua capital na lista. Ao lado do nome da cidade, estará o valor em reais (R$) da cesta básica para aquele mês.

Se você não mora em uma capital, use o valor da capital mais próxima como referência. Ele será um excelente termômetro.

  • Exemplo da Dona Lúcia
    Dona Lúcia pesquisou e viu que, segundo o DIEESE, o valor da cesta básica em São Paulo para o período foi de R$ 822,74. Este será o nosso Valor da Cesta Básica.

Anote o valor correspondente à sua cidade.

4. A Hora da Verdade: O Cálculo do Impacto

Com os dois valores em mãos, chegou o momento de cruzá-los. A conta é simples e vai nos mostrar, em porcentagem, quanto da sua aposentadoria é consumida apenas pelos alimentos essenciais da cesta básica.

Use a seguinte fórmula:

(Valor da Cesta na sua cidade / Valor da sua Aposentadoria) x 100

  • Calculando para a Dona Lúcia:
    • Valor da Cesta: R$ 822,74
    • Valor da Aposentadoria: R$ 1.412,00
    • Cálculo: (822,74 / 1.412,00) x 100 = 58,2%

O resultado é impressionante. Para a Dona Lúcia, mais de 58% de toda a sua aposentadoria é destinada apenas para comprar os 13 itens da cesta básica. Isso significa que, de cada R$ 100 que ela recebe, mais de R$ 58 são para a comida essencial. Sobra pouco mais de R$ 40 para todo o resto.

Faça o seu cálculo agora. Qual foi o seu resultado? Esse número é o primeiro grande insight do nosso raio-x.

5. O Raio-X Completo: Mapeando os Outros Custos Fixos

A cesta básica é um gasto fundamental, mas a vida tem outras contas que não esperam. Para ter a imagem completa, precisamos somar todos os outros gastos essenciais e fixos do seu mês. Seja honesto com você mesmo nesta etapa. Liste tudo.

  • Aluguel ou prestação da casa: R$

  • Conta de luz: R$

  • Conta de água e esgoto: R$

  • Gás de cozinha (faça uma média mensal): R$

  • Remédios de uso contínuo: R$

  • Plano de saúde ou outros custos médicos: R$

  • Transporte (ônibus, etc.): R$

  • SOMA DOS OUTROS CUSTOS FIXOS: R$

  • O cenário completo da Dona Lúcia:

    • Aluguel: R$ 700,00 (um valor comum para moradia simples)
    • Luz e água: R$ 150,00
    • Gás: R$ 35,00 (média mensal)
    • Remédios para pressão e diabetes: R$ 140,00
    • Soma dos outros custos fixos: R$ 1.025,00

6. O Saldo Real: Quanto Sobra de Verdade?

Agora, vamos juntar todas as peças para encontrar a resposta final para a pergunta: sua aposentadoria compra o mês? O cálculo é direto.

Aposentadoria Líquida – (Valor da Cesta Básica + Soma dos Outros Custos Fixos) = Saldo Real

  • O saldo real da Dona Lúcia:
    • Aposentadoria: R$ 1.412,00
    • Soma de todas as despesas essenciais: R$ 822,74 (cesta) + R$ 1.025,00 (outros) = R$ 1.847,74
    • Saldo Real: R$ 1.412,00 – R$ 1.847,74 = – R$ 435,74

O resultado da Dona Lúcia é negativo. Isso significa que, para cobrir apenas o essencial, faltam mais de R$ 400 em seu orçamento. Essa é a dura realidade de muitos aposentados no Brasil. Se o seu resultado também foi baixo ou negativo, não se desespere. Este número não é uma sentença de fracasso. Pelo contrário, é a sua mais poderosa ferramenta de conscientização.

Você acaba de tirar um raio-x detalhado da sua saúde financeira. Agora você sabe exatamente onde o orçamento está apertado. Sabe exatamente o tamanho do desafio. Manter-se informado é o primeiro passo para o controle financeiro. Para aprofundar seus conhecimentos, consultar guias e artigos sobre finanças pessoais pode oferecer novas perspectivas. Explore mais sobre finanças pessoais e continue se fortalecendo com informação de qualidade.

Com este diagnóstico em mãos, estamos prontos para passar do entendimento para a ação. Agora que o problema está claro, podemos focar nas soluções.

No próximo capítulo, vamos explorar 5 estratégias inteligentes e práticas para fazer o carrinho de supermercado render mais, aliviando a pressão sobre a sua maior despesa e ajudando a transformar esse saldo negativo em positivo.

5 Estratégias Inteligentes para Fazer o Carrinho Render Mais

5 Estratégias Inteligentes para Fazer o Carrinho Render Mais

No capítulo anterior, fizemos um raio-x completo do seu orçamento. Agora, com os números em mãos, é hora de agir. Sabemos que ver o peso da cesta básica no papel pode ser um pouco assustador, mas esse conhecimento é a sua maior ferramenta de poder. Ele permite que você tome as rédeas da situação e faça escolhas conscientes. Cada centavo economizado é uma pequena vitória que, somada a outras, garante mais tranquilidade e segurança no fim do mês. Vamos juntos transformar a ida ao supermercado em uma missão estratégica, onde você está no comando do carrinho e do seu dinheiro.

1. O poder da lista de compras

Sua arma secreta contra os gastos desnecessários é, sem dúvida, a lista de compras. Ir ao supermercado sem uma lista é como navegar sem um mapa. Você acaba sendo levado pelas “ofertas” coloridas, pelas embalagens chamativas e pelas tentações do corredor de biscoitos. O resultado é quase sempre o mesmo: um carrinho cheio de itens que você não precisava e uma conta maior do que o esperado.

O processo é simples, mas poderoso. Antes de sair de casa, faça uma inspeção na sua despensa e geladeira. O que realmente está faltando? O que acabou de verdade? Anote apenas o essencial. Esse simples ato de planejar cria um compromisso com o seu orçamento. Você define uma missão clara e objetiva para a sua ida ao mercado.

Exemplo prático: imagine que você precisa de arroz, feijão e café. Com a lista em mãos, você vai direto a esses corredores específicos. Sem ela, é fácil se distrair. Você pode passar pelo corredor de enlatados e pensar: “Ah, um milho em lata seria bom para uma receita”. Depois, vê uma promoção de suco de caixinha e a leva também. No caixa, sua compra, que era para ser de três itens essenciais, dobrou de valor com produtos que não eram urgentes. A lista te protege do marketing e das compras por impulso, que são os maiores vilões do orçamento do aposentado. Ela é a sua principal aliada para manter o foco e garantir que apenas o necessário entre no seu carrinho.

2. A arte de pesquisar

Sua aposentadoria foi conquistada com uma vida inteira de trabalho. Por isso, seu dinheiro merece ser gasto da forma mais inteligente e cuidadosa possível. Pesquisar preços não é perda de tempo, é uma forma de valorizar o seu esforço e fazer cada real render mais. Como vimos no exemplo da Dona Lúcia no capítulo anterior, a diferença de preço do mesmo quilo de tomate pode ser enorme entre um supermercado e outro.

A pesquisa pode ser feita de várias maneiras. Guarde os folhetos de ofertas que os supermercados distribuem. Compare os preços dos itens da sua lista antes mesmo de sair de casa. Muitos estabelecimentos também possuem aplicativos ou sites onde divulgam suas promoções diárias. Se não tiver familiaridade com a tecnologia, peça ajuda a um filho ou neto. Uma chamada de vídeo rápida pode ajudar a comparar preços sem sair do sofá.

Além dos supermercados, não se esqueça do poder das feiras livres. Em muitos casos, frutas, legumes e verduras são mais frescos e bem mais baratos na feira. Converse com os feirantes. No final do dia, na famosa “xepa”, os preços podem cair ainda mais. É uma oportunidade de ouro para comprar itens para fazer uma sopa nutritiva ou vegetais para congelar e usar durante a semana. Pense nisto: se você economizar R$ 15 toda semana apenas com uma boa pesquisa, são R$ 60 a mais no seu bolso por mês. Em um ano, isso se transforma em R$ 720. É o valor de várias contas de luz ou de remédios importantes que deixam de pesar no seu orçamento.

3. Aproveitar os dias de promoção

Os supermercados têm seus próprios calendários de ofertas, e conhecê-los é uma estratégia de mestre. Quase todos os estabelecimentos definem um dia específico para promoções de hortifrúti, geralmente chamado de “terça verde” ou “quarta fresca”. Nesses dias, você encontra alface, tomate, batata, cebola e frutas da estação com preços muito mais convidativos.

O mesmo raciocínio se aplica às carnes. Fique de olho na “quinta da carne” ou na “sexta do açougue”. Esses são os dias ideais para comprar frango, carne moída e outros cortes que fazem parte da sua alimentação, garantindo a proteína da semana com um bom desconto. Aqui, a sua lista de compras (dica 1) se une a esta estratégia. Planeje seu cardápio semanal com base nas promoções. Se a batata está com um preço excelente na terça-feira, a semana pode ter purê, batata assada e uma sopa cremosa. Se o frango está em oferta na quinta, você já garante a mistura para vários dias.

Um alerta importante: Cuidado com a armadilha da promoção. O objetivo é comprar mais barato aquilo que você já ia comprar. Não caia na tentação de levar um produto que você não consome só porque o preço está baixo. Um pacote de algo que vai estragar na sua geladeira não é economia, é prejuízo. A promoção só é sua amiga se ela estiver alinhada com a sua lista e com as suas necessidades reais.

4. Marcas próprias como aliadas

Muitas vezes, olhamos com desconfiança para as marcas do próprio supermercado. Existe uma crença de que, por serem mais baratas, a qualidade deve ser inferior. Mas isso nem sempre é verdade, e entender o porquê pode gerar uma economia surpreendente.

Pense bem: as marcas famosas investem fortunas em propaganda na televisão, em revistas e na internet. Esse custo gigantesco de marketing é, inevitavelmente, repassado para o preço final que você paga na gôndola. As marcas próprias, por outro lado, não têm esse gasto. A economia que o supermercado faz com publicidade permite que ele ofereça o produto por um preço menor. Em muitos casos, o item é fabricado pela mesma indústria que produz a marca famosa, apenas recebendo um rótulo diferente.

Como começar a se beneficiar disso? Faça testes graduais e de baixo risco. Comece com produtos de limpeza, como água sanitária, desinfetante ou detergente. Depois, experimente itens básicos da cesta, como sal, açúcar, farinha de trigo, fubá e óleo. Compare o sabor, o rendimento e, claro, o preço. Você pode se surpreender ao descobrir que a qualidade é muito semelhante, mas o custo é bem menor. Cada centavo economizado em um item se multiplica por todos os outros, resultando em uma grande diferença no valor final da sua compra.

5. Comprar em atacado com sabedoria

Comprar produtos em grandes quantidades, no estilo “atacado”, parece ser sempre um bom negócio. O preço por unidade ou por quilo geralmente é menor. No entanto, para o aposentado, que muitas vezes mora sozinho ou em um domicílio com poucas pessoas, essa estratégia pode ser uma faca de dois gumes. O segredo é ter sabedoria para separar o que vale do que não vale a pena, evitando o desperdício — o inimigo número um da economia doméstica.

O que VALE a pena comprar em atacado:

  • Produtos de limpeza e higiene: Itens como detergente, sabão em pó, água sanitária, papel higiênico e sabonetes não estragam. Se você tiver espaço para guardar, comprar embalagens maiores ou pacotes com várias unidades é quase sempre vantajoso.
  • Não perecíveis de alto consumo: Se você consome muito arroz, feijão, macarrão, óleo e café, comprar pacotes maiores pode gerar uma economia significativa. A condição é ter um local seco e adequado para armazená-los corretamente, longe da umidade e de insetos, para que não estraguem.

O que NÃO VALE a pena (na maioria das vezes):

  • Frutas, verduras e legumes: A menos que você tenha o hábito de fazer compotas, congelar porções ou que vá dividir a compra com um vizinho ou familiar, comprar uma caixa inteira de tomates provavelmente resultará em desperdício.
  • Laticínios, frios e pães: Iogurtes, queijos, presunto e pães de forma têm validade curta. Comprar em grande quantidade é um convite para que o produto estrague na sua geladeira.
  • Produtos de uso esporádico: Aquele tempero especial, um tipo diferente de farinha ou um molho que você usa apenas de vez em quando. Comprar um pacote grande que vai passar da validade na sua despensa é o mesmo que rasgar dinheiro.

A regra de ouro é simples: o preço unitário mais baixo só representa economia real se você consumir 100% do produto antes que ele estrague ou perca a validade. Implementar essas cinco estratégias não exige uma mudança radical de vida, mas sim atenção e planejamento. Adotar esses hábitos é um passo fundamental para uma vida financeira mais segura. Para continuar aprendendo sobre como gerir seu dinheiro, existem muitos recursos úteis que oferecem orientações valiosas sobre finanças pessoais. Agora que sabemos como economizar no presente, vamos entender no próximo capítulo os fatores que não controlamos, como a inflação, e como podemos nos proteger deles.

Olhando para o Futuro: Fatores Externos e Como se Proteger

Olhando para o Futuro Fatores Externos e Como se Proteger

No capítulo anterior, vimos como pequenas mudanças nos seus hábitos de compra podem fazer uma grande diferença no fim do mês. Organizar a lista, pesquisar preços e aproveitar promoções são ferramentas poderosas. Mas, e quando você faz tudo certo e, mesmo assim, o preço do arroz, do feijão ou do óleo dispara de uma semana para a outra? A sensação é de frustração, como se estivéssemos remando contra a maré. A verdade é que o preço na gôndola do supermercado não depende apenas da nossa pesquisa. Ele é influenciado por forças maiores, que acontecem bem longe do nosso carrinho de compras. Entender esses fatores não é para se tornar um economista, mas para recuperar o controle. Conhecimento nos dá o poder de nos antecipar e, mais importante, de nos proteger.

Vamos começar com o vilão mais conhecido, porém muitas vezes mal compreendido: a inflação. Imagine a inflação como um ladrão silencioso. Ele não entra na sua casa e leva sua carteira. Ele age de forma mais sutil. Ele entra na sua carteira e, sem que você perceba, vai tirando o valor de cada nota que está lá dentro. Aquela nota de R$ 50 que comprava uma certa quantidade de carne no ano passado, hoje compra um pouco menos. A nota é a mesma, a imagem no papel é a mesma, mas o poder de compra dela diminuiu. A inflação corrói o valor da sua aposentadoria lentamente, mês a mês. É por isso que, mesmo recebendo o mesmo valor, parece que o dinheiro acaba antes. Não é uma impressão sua, é um fato. Esse ladrão silencioso age sobre todos os produtos, desde o pãozinho da padaria até o gás de cozinha, tornando essencial entender que a luta não é apenas para gastar menos, mas para proteger o valor do dinheiro que você já tem.

Outro fator que mexe muito com os preços, especialmente dos alimentos frescos, é o ritmo da natureza. É o que chamamos de sazonalidade. Pense na horta do seu quintal, se você tem ou já teve uma. Há épocas em que os tomateiros estão carregados, e outras em que não dão quase nada. A agricultura em grande escala funciona da mesma forma. A época de colheita farta de um alimento é chamada de safra. Durante a safra, há tanto produto disponível no mercado que os vendedores precisam baixar os preços para conseguir vender tudo. A oferta é maior que a procura. É a melhor época para comprar e consumir aquele item. Já na entressafra, que é o período entre uma colheita e outra, o alimento se torna mais escasso. A oferta diminui, e os preços sobem. Conhecer o calendário da natureza é uma forma de economizar. Ao saber quais frutas, legumes e verduras estão na safra, você pode dar preferência a eles nas suas compras, garantindo produtos mais frescos, saborosos e, principalmente, mais baratos.

Veja um pequeno exemplo de como isso funciona na prática:

| Produto | Melhor Época para Comprar (Safra) | Época em que Fica Mais Caro (Entressafra) |
| :— | :— | :— |
| Tomate | Meses de verão e calor (Dezembro a Março) | Meses de inverno e frio (Junho a Agosto) |
| Laranja-Pera | Meio do ano ao início da primavera (Junho a Outubro) | Meses de verão (Dezembro a Fevereiro) |
| Abacate | Início do ano (Fevereiro a Maio) | Fim do ano (Novembro a Janeiro) |
| Milho Verde | Plena safra de inverno (Junho a Agosto) | Fora desse período, especialmente no verão |

Além da natureza, as decisões tomadas em gabinetes distantes também chegam ao seu prato. Pense no preço dos combustíveis como uma pedra jogada num lago. A primeira onda é sentida na bomba do posto, mas as marolas se espalham por toda a economia. O feijão não brota na prateleira do supermercado. Ele é plantado, colhido, ensacado e, o mais importante, transportado. Esse transporte é feito por caminhões que consomem diesel. Se o preço do diesel sobe, o custo do frete aumenta. E quem paga essa conta no final? Nós, os consumidores. Esse custo extra é embutido no preço final do feijão, do arroz, do macarrão, de tudo. O mesmo vale para o adubo usado na plantação, muitas vezes cotado em dólar, ou para as políticas de impostos do governo. Não precisamos ser especialistas nesses assuntos, mas ter a consciência de que uma notícia sobre o aumento da gasolina pode significar um carrinho mais caro na semana seguinte nos ajuda a não sermos pegos de surpresa.

Então, diante de um ladrão silencioso, de um calendário da natureza e de decisões sobre as quais não temos controle, o que podemos fazer? Ficamos de mãos atadas? De forma alguma. A resposta está em criar a nossa própria proteção, o nosso pequeno escudo financeiro. A ideia de guardar dinheiro com uma aposentadoria que muitas vezes mal cobre as contas do mês pode parecer um sonho distante ou até uma ofensa. Mas a estratégia aqui é outra. Estamos falando de construir uma reserva de emergência, mesmo que seja simbólica no começo.

Pense nela como um pequeno guarda-chuva financeiro. Você não o usa todos os dias, mas fica muito aliviado por tê-lo quando a chuva inesperada aperta. O objetivo dessa reserva não é cobrir grandes despesas, mas sim amortecer esses choques de preço na sua cesta básica. Quando o preço do óleo de soja dobrar repentinamente, você pode usar R$ 10 ou R$ 15 dessa reserva para completar a compra sem desequilibrar todo o orçamento do mês. Isso traz paz de espírito.

Comece pequeno. A moeda que sobrou do pão? Guarde em um pote. Conseguiu uma economia de R$ 5 na feira usando as dicas de sazonalidade? Transfira esse valor para a sua reserva. O importante é criar o hábito. O valor inicial é menos importante do que a disciplina de separar algo, por menor que seja. Com o tempo, esse pequeno monte cresce e se torna um colchão de segurança que lhe dá tranquilidade para enfrentar as flutuações de preço. Entender o cenário lhe dá conhecimento. Construir uma reserva lhe dá segurança. Juntos, eles lhe devolvem o poder sobre o seu orçamento e a sua vida.

Quer mais dicas para fazer sua aposentadoria render? Baixe nossa planilha gratuita de controle de gastos!

Mude de vida agora #

Sobre

Oferecemos planejamento financeiro personalizado para aposentados, ajudando você a viver com mais segurança e tranquilidade.