Afta na Boca: 5 Causas Comuns e Tratamentos [Alívio Rápido]

Aquela feridinha dolorida que aparece na boca sem avisar, atrapalhando na hora de comer, conversar e até sorrir. Quem nunca passou por isso? A afta, especialmente quando surge no céu da boca, pode ser um grande incômodo. Mas, por que ela aparece? Será que é algo grave? A boa notícia é que, na maioria das vezes, a resposta é não. A afta é comum e geralmente inofensiva. O mais importante é entender o que seu corpo pode estar sinalizando e saber como aliviar o desconforto de forma segura e eficaz. Você vai descobrir que, com o cuidado certo, é possível não só tratar a ferida, mas também entender as causas e evitar que ela volte a aparecer, garantindo mais conforto e qualidade de vida para aproveitar o que realmente importa.

Afinal, o que é a Afta e por que Dói Tanto?

Quase todo mundo já passou por isso. Você está a desfrutar de uma refeição, a conversar com amigos ou simplesmente a acordar pela manhã quando sente aquela dor familiar: uma pequena, mas incrivelmente dolorosa, ferida dentro da boca. É a afta, uma visitante indesejada que, apesar de seu tamanho modesto, pode causar um desconforto desproporcional. Embora comum, a afta ainda gera muitas dúvidas e preocupações. O que é exatamente? Por que uma lesão tão pequena pode doer tanto? E, talvez a pergunta mais importante, ela é contagiosa?

Vamos começar por desmistificar este problema. A afta, conhecida tecnicamente como estomatite aftosa recorrente, é uma pequena úlcera benigna. Isso significa que ela não é cancerosa e não representa um risco grave para a sua saúde geral. Ela aparece exclusivamente na parte interna da boca, em áreas de mucosa macia, como a parte de dentro das bochechas e dos lábios, na língua, na gengiva e, como muitos sabem, no céu da boca. É uma condição inflamatória, não uma infecção.

A boa notícia, e um ponto crucial a ser esclarecido, é que a afta não é contagiosa. Você não pode transmiti-la a outra pessoa através do beijo, de talheres compartilhados ou de qualquer outra forma de contacto. Essa é a principal diferença entre a afta e o herpes labial, que é causado por um vírus e é, sim, altamente contagioso. O herpes geralmente manifesta-se com pequenas bolhas nos lábios ou na área ao redor da boca, enquanto a afta é uma úlcera que se forma dentro da cavidade oral. Saber essa diferença é o primeiro passo para ficar mais tranquilo.

Para ajudar a identificar corretamente uma afta, aqui estão as suas características principais:

Formato e Tamanho: Geralmente são lesões redondas ou ovais, com um diâmetro que varia de alguns milímetros a um centímetro. A maioria das aftas são pequenas, mas lesões maiores (conhecidas como aftas maiores) podem ocorrer, sendo mais dolorosas e demorando mais tempo a cicatrizar.
Cor e Textura: O centro da afta é tipicamente branco ou amarelado, coberto por uma fina camada de membrana. Esta área central é, na verdade, tecido morto e células inflamatórias. Ao redor deste centro, há um halo ou anel vermelho vivo, que é a área inflamada ao redor da úlcera.
Localização Exclusiva: Surgem apenas em tecidos moles dentro da boca. É improvável encontrar uma afta no palato duro (a parte mais firme do céu da boca) ou na parte superior da gengiva presa ao osso, pois estas áreas são cobertas por um tecido diferente e mais resistente.
Sensação Característica: A dor é o sintoma mais marcante. Começa frequentemente com uma sensação de formigueiro ou ardência um ou dois dias antes de a úlcera aparecer. Depois, evolui para uma dor aguda e localizada, que piora com o toque, a fala e a alimentação, especialmente com alimentos ácidos ou salgados.

Mas por que uma lesão tão pequena causa tanta dor?

A intensidade da dor da afta pode parecer um mistério, mas há explicações lógicas e biológicas para isso. A boca é uma das partes mais sensíveis do corpo humano, repleta de terminações nervosas. Quando a camada protetora da mucosa oral é rompida, como acontece com a formação de uma afta, esses nervos ficam expostos.

Imagine a afta como uma pequena cratera. O fundo dessa cratera expõe o tecido conjuntivo que fica logo abaixo da superfície, onde as fibras nervosas são abundantes. Qualquer estímulo, por menor que seja, pode ativar diretamente esses nervos. A simples passagem da saliva, o movimento da língua ao falar ou o toque de um alimento podem ser suficientes para desencadear uma dor aguda e lancinante.

O local da afta também influencia muito a intensidade da dor. Uma afta no céu da boca ou na base da gengiva pode ser particularmente dolorosa. Nessas áreas, a pele é mais fina e está em constante atrito com a língua ou com os alimentos durante a mastigação. Não há como “descansar” essa parte da boca. Cada vez que você engole, a língua pressiona o céu da boca, irritando a lesão repetidamente. O mesmo acontece com aftas na ponta da língua ou na parte interna dos lábios, áreas que se movem incessantemente.

Além da exposição dos nervos, o próprio processo inflamatório do corpo contribui para a dor. O anel vermelho ao redor da afta é o sinal de que o seu sistema imunitário está a trabalhar. Ele envia células de defesa para o local, libertando substâncias químicas como as prostaglandinas e a histamina. Embora essas substâncias ajudem a combater a lesão e a iniciar a cicatrização, elas também sensibilizam ainda mais as terminações nervosas, amplificando o sinal de dor enviado ao cérebro.

É este ciclo de exposição nervosa, irritação constante e resposta inflamatória que transforma uma pequena úlcera numa fonte de grande desconforto, capaz de dificultar atividades simples como comer, beber e até falar. Embora a dor seja intensa, é importante lembrar que a afta é um processo autolimitado, o que significa que ela cicatriza sozinha, geralmente dentro de uma a duas semanas. Buscar formas de aliviar o desconforto local é fundamental durante esse período. Práticas simples podem oferecer um alívio temporário significativo, de maneira parecida a como gargarejos para tosse ajudam a acalmar uma garganta irritada.

Compreender o que é a afta e por que ela dói é o primeiro passo para lidar com ela de forma mais serena. Saber que não é contagiosa e que a dor, embora forte, tem uma explicação biológica, pode reduzir a ansiedade associada ao seu aparecimento. Agora que você já consegue identificar uma afta e entende o mecanismo por trás do seu desconforto, estamos prontos para explorar a próxima questão fundamental: o que a está a causar? No próximo capítulo, vamos analisar as cinco causas mais comuns para o surgimento de aftas, focando especialmente nos fatores que podem ser mais relevantes após os 50 anos.

As 5 Principais Causas da Afta na Boca e no Céu da Boca

Agora que você já sabe identificar uma afta e entende por que ela dói, o próximo passo é descobrir o que a está causando. Compreender a origem do problema é fundamental para evitar que ele volte a aparecer. As aftas não surgem do nada. Elas são a resposta do seu corpo a algum tipo de gatilho, seja ele físico, emocional ou nutricional. Para o público 50+, alguns desses gatilhos se tornam ainda mais comuns. Vamos explorar as cinco causas principais com a atenção que elas merecem.

1. Pequenos Machucados na Boca

A nossa boca é um ambiente delicado. O revestimento interno, especialmente em áreas como o céu da boca e a parte de dentro das bochechas, é muito sensível. Qualquer pequeno trauma pode ser o suficiente para iniciar o processo inflamatório que resulta em uma afta. Pense em situações do dia a dia:

Mordidas acidentais: Acontece com todos. Uma palavra dita mais rápido ou uma mastigação descuidada pode causar uma pequena ferida. Em poucos dias, essa ferida pode se transformar em uma afta dolorosa.
Escovação com muita força: Usar uma escova de dentes com cerdas duras ou aplicar pressão excessiva pode agredir a gengiva e o revestimento da boca. Essa agressão repetida cria o ambiente perfeito para o surgimento das aftas.
Próteses dentárias ou aparelhos mal ajustados: Este é um ponto de atenção especial. Com o tempo, a nossa boca muda. Uma prótese que antes era confortável pode começar a roçar em um ponto específico, causando uma irritação crônica. Esse atrito constante é um gatilho clássico para aftas recorrentes, especialmente no céu da boca ou na gengiva. Se você usa prótese e nota o surgimento de aftas sempre no mesmo lugar, uma visita ao dentista para um simples ajuste pode ser a solução definitiva.

2. Estresse e Baixa Imunidade

Nossas emoções têm um impacto direto na nossa saúde física. Preocupações com a família, questões financeiras ou a própria saúde podem gerar um estado de estresse constante. Quando estamos estressados, nosso corpo libera hormônios como o cortisol. Em pequenas doses, ele é útil, mas em excesso, ele pode suprimir nosso sistema imunológico.

Com as defesas do corpo em baixa, o equilíbrio delicado da boca é afetado. Pequenas inflamações que normalmente seriam controladas pelo sistema imune saem de controle, resultando no aparecimento de aftas. É um ciclo vicioso: o estresse causa a afta, e a dor e o incômodo da afta geram ainda mais estresse. Reconhecer essa ligação é o primeiro passo para quebrá-la. Cuidar da saúde mental, com momentos de descanso e lazer, é também uma forma de cuidar da saúde da sua boca.

3. Fatores Alimentares e Deficiências Nutricionais

O que comemos influencia tudo, inclusive a saúde oral. Alguns alimentos podem agir como gatilhos diretos, enquanto a falta de certos nutrientes pode deixar a boca mais vulnerável.

Alimentos irritantes: Comidas muito ácidas, como abacaxi, laranja, limão e tomate, podem irritar o revestimento da boca em pessoas mais sensíveis. O mesmo vale para alimentos muito picantes, salgados (como salgadinhos) ou com pontas afiadas (como torradas e batatas fritas). Eles não criam a afta, mas podem desencadear uma em uma boca já predisposta ou agravar uma lesão existente.
Deficiências de vitaminas e minerais: Esta é uma causa muito comum e frequentemente ignorada, especialmente após os 50 anos, quando a absorção de nutrientes pelo corpo pode diminuir. A falta de nutrientes essenciais como Vitamina B12, zinco, ácido fólico e ferro está diretamente ligada ao surgimento de aftas recorrentes. Esses elementos são cruciais para a renovação celular e para a saúde do revestimento da boca. Quando estão em falta, o tecido fica mais frágil e suscetível a rupturas. A falta de ferro, por exemplo, pode levar à anemia, uma condição que frequentemente se manifesta com cansaço e, por vezes, aftas. Manter os níveis de nutrientes é vital, e algumas plantas podem ser aliadas nesse processo, como a ora-pro-nóbis, conhecida por ajudar a prevenir a anemia.

4. Efeitos Colaterais de Medicamentos

Muitos de nós utilizamos medicamentos para controlar condições crônicas como pressão alta, dor ou inflamações. Embora essenciais para a saúde geral, alguns desses remédios podem ter efeitos colaterais que favorecem o aparecimento de aftas. É importante ressaltar: você nunca deve parar de tomar um medicamento por conta própria. A informação serve para que você possa conversar com seu médico.

Alguns medicamentos anti-inflamatórios não esteroides, certos betabloqueadores (para pressão arterial) e outros remédios podem causar lesões na boca como efeito adverso. Além disso, muitos medicamentos causam boca seca (xerostomia). A saliva é a proteção natural da boca: ela ajuda a limpar restos de comida, neutraliza ácidos e combate bactérias. Com menos saliva, a boca fica mais vulnerável a todos os tipos de irritação, incluindo as aftas. Se você começou um novo tratamento e notou o surgimento de aftas, anote e converse com seu médico na próxima consulta.

5. Condições de Saúde Subjacentes

Na grande maioria dos casos, a afta é apenas uma condição localizada e benigna. No entanto, se você sofre com aftas de forma muito recorrente, se elas são muito grandes ou demoram mais de duas semanas para cicatrizar, pode ser um sinal de alerta do seu corpo.

Aftas persistentes podem estar associadas a condições de saúde que afetam o corpo todo. Por exemplo:

Doenças gastrointestinais: Condições como a Doença de Crohn ou a doença celíaca (intolerância ao glúten) frequentemente se manifestam com aftas na boca, pois afetam a capacidade do corpo de absorver nutrientes e causam inflamação sistêmica.
Doenças autoimunes: Em algumas doenças, o sistema imunológico ataca por engano as próprias células saudáveis do corpo, incluindo as do revestimento da boca.

Isso não é motivo para pânico, mas para atenção. Observe os padrões. Se as suas aftas são um problema constante e severo, e vêm acompanhadas de outros sintomas como febre, perda de peso ou cansaço extremo, é fundamental procurar uma avaliação médica. O seu corpo pode estar usando essas pequenas úlceras para sinalizar que algo mais profundo precisa de atenção.

Entender esses gatilhos é o primeiro passo para retomar o controle. Agora que você conhece as possíveis causas, vamos descobrir o que pode ser feito para aliviar a dor e acelerar a cicatrização.

Alívio Imediato: Dicas e Tratamentos Caseiros para a Afta

A dor de uma afta, especialmente em um local sensível como o céu da boca, pode transformar atos simples como comer e falar em verdadeiros desafios. Felizmente, você não precisa apenas esperar que o tempo resolva. Existem estratégias eficazes e seguras que podem ser aplicadas em casa para acelerar a cicatrização e, principalmente, aliviar o desconforto. Assumir o controle da situação é o primeiro passo para se sentir melhor. Este guia oferece um arsenal de soluções práticas para cuidar da sua afta com segurança e confiança.

1. Bochecho de Água Morna com Sal: A Solução Clássica e Científica

Este é um dos remédios caseiros mais antigos e recomendados, e sua eficácia está firmada na ciência. O sal (cloreto de sódio) cria um ambiente que não é favorável para a proliferação de bactérias, ajudando a manter a lesão limpa e a prevenir infecções secundárias, que poderiam agravar o quadro.

Por que funciona? O principal mecanismo é a osmose. Ao bochechar com água salgada, você cria uma solução mais concentrada em sal do que os fluidos presentes nos tecidos inflamados da boca. Isso faz com que o excesso de líquido retido na área da afta seja “puxado” para fora, diminuindo o inchaço e, consequentemente, a dor. É uma ação anti-inflamatória puramente física e muito eficiente.
Como fazer corretamente: A proporção é a chave para o sucesso. Dissolva meia colher de chá de sal em um copo (cerca de 200 ml) de água morna. A água deve estar morna, e não quente, para não irritar ainda mais a ferida. Faça um bochecho suave, movimentando o líquido por toda a boca por cerca de 30 segundos, e depois cuspa. Repita o processo de duas a três vezes por dia, especialmente após as refeições e antes de dormir. A técnica do bochecho é simples, mas eficaz para diversas condições na boca e garganta. Para quem busca aprimorar a forma correta de fazer, existem guias que detalham o passo a passo de como fazer gargarejos e bochechos de forma segura.

2. Extrato de Própolis: Um Cicatrizante Natural Poderoso

A própolis é uma substância resinosa produzida pelas abelhas com notáveis propriedades terapêuticas. Seu uso para aftas é valorizado por sua ação múltipla, que ataca o problema em várias frentes.

Por que funciona? A própolis é rica em compostos como flavonoides e ácidos fenólicos, que lhe conferem fortes ações anti-inflamatórias, antimicrobianas e cicatrizantes. Ao ser aplicada sobre a afta, ela forma uma fina película protetora. Essa barreira isola a lesão do contato com alimentos, saliva e bactérias, o que reduz a dor imediatamente e cria um ambiente ideal para que o tecido se regenere mais rápido.
Como usar e um aviso importante: Com o auxílio de um cotonete, aplique uma ou duas gotas do extrato de própolis diretamente sobre a afta. É comum sentir uma ardência intensa por alguns segundos, que logo é substituída por uma sensação de alívio. Isso acontece pela ação dos componentes ativos na ferida aberta. No entanto, é crucial ter atenção: pessoas com histórico de alergia a mel, pólen ou outros produtos derivados de abelhas devem evitar o uso de própolis, pois o risco de uma reação alérgica é alto.

3. Bochechos com Chás Calmantes: O Conforto da Camomila

Se a ardência do sal ou da própolis for desconfortável para você, os chás de ervas oferecem uma alternativa mais suave, mas ainda assim muito útil para acalmar a inflamação.

Por que funciona? A camomila é a estrela aqui. Ela contém substâncias como o bisabolol e a apigenina, conhecidas por suas propriedades calmantes e anti-inflamatórias. Um bochecho com o chá ajuda a suavizar o tecido irritado, diminuindo a vermelhidão e o desconforto geral na boca.
Como preparar: Faça um chá bem concentrado. Use dois sachês de camomila ou duas colheres de sopa das flores secas para uma xícara de água fervente. Abafe por cerca de 10 minutos. Espere o chá amornar até atingir uma temperatura confortável. Use o líquido para bochechar suavemente por 30 segundos, várias vezes ao dia. Outras ervas, como a sálvia, também possuem ação antisséptica e podem ser usadas da mesma forma.

4. Alimentação Estratégica: O que Comer e o que Evitar

Durante uma crise de afta, a sua dieta pode ser sua maior aliada ou sua pior inimiga. A escolha certa dos alimentos evita a dor e a irritação, permitindo que você se nutra adequadamente para fortalecer a imunidade e acelerar a cura.

Alimentos amigos (priorize):

Macios e pastosos: Purês (batata, mandioquinha, abóbora), sopas e caldos cremosos, iogurtes naturais, ovos mexidos, mingaus e vitaminas de frutas não ácidas (como banana e mamão).
Frios ou gelados: Alimentos gelados têm um leve efeito anestésico. Um sorvete de massa de sabor neutro ou um açaí puro (sem xaropes ácidos) podem trazer um alívio temporário bem-vindo.

Alimentos inimigos (evite a todo custo):

Ácidos: Frutas cítricas (laranja, limão, abacaxi), tomate e molho de tomate. Eles causam uma dor aguda ao entrar em contato com a ferida.
Salgados e condimentados: Batatas fritas de pacote, salgadinhos e alimentos com muita pimenta ou temperos fortes. O sal e os condimentos irritam e inflamam ainda mais a afta.
Rígidos e crocantes: Torradas, pão com casca dura, nozes, pipoca e granola. As pontas desses alimentos podem raspar na afta, causando mais dor e atrasando a cicatrização.

5. Ajuda da Farmácia: Pomadas e Géis para Alívio Direcionado

Quando as soluções caseiras não são suficientes para controlar a dor, a farmácia oferece opções seguras e eficazes. Não se trata de uma cura mágica, mas de um gerenciamento inteligente dos sintomas.

Existem basicamente dois tipos de produtos que podem ajudar:

Analgésicos tópicos: São pomadas ou géis que contêm uma pequena quantidade de anestésico local. Eles “adormecem” a área da afta por um período, sendo ideais para aplicar minutos antes das refeições, permitindo que você coma com menos dor.
Formadores de barreira: Outros produtos funcionam criando uma película protetora sobre a afta. Essa barreira, semelhante à da própolis, protege a lesão de atritos e do contato com alimentos, aliviando a dor e facilitando o processo de cura natural do corpo.

Para escolher a melhor opção para o seu caso, converse sempre com o farmacêutico. Ele é o profissional capacitado para entender sua necessidade e indicar o produto mais adequado, além de orientar sobre a forma correta de aplicação e a frequência de uso.

Essas medidas caseiras são excelentes para lidar com uma afta ocasional e sem complicações. Elas colocam o controle do alívio em suas mãos. Contudo, é fundamental saber reconhecer quando a afta deixa de ser um simples incômodo e passa a ser um sinal de que algo mais pode estar acontecendo.

Quando a Afta é um Sinal de Alerta Saiba a Hora de Procurar um Médico

Embora os tratamentos caseiros e as dicas que compartilhamos no capítulo anterior tragam alívio para a maioria das aftas comuns, é fundamental saber que nem toda ferida na boca é igual. O autocuidado responsável não se resume a tratar os sintomas; ele também envolve reconhecer os limites do tratamento caseiro e saber quando é a hora de buscar a orientação de um profissional. Uma afta pode, em certas circunstâncias, ser mais do que um simples incômodo. Ela pode ser um mensageiro, um sinal de que algo mais em seu corpo precisa de atenção. Ignorar esses sinais pode adiar um diagnóstico importante e prolongar o sofrimento desnecessariamente. Este capítulo é o seu guia para decifrar essas mensagens. Vamos detalhar, sem alarmes, as situações em que uma consulta com um dentista ou médico se torna essencial para a sua saúde e bem-estar.

1. Aftas que não cicatrizam em três semanas

Uma afta típica segue um ciclo de vida previsível. Ela aparece, causa desconforto por alguns dias e, geralmente, desaparece por completo em uma ou duas semanas, sem deixar vestígios. O seu corpo tem uma capacidade incrível de regeneração, e a mucosa oral é uma das áreas que se recupera mais rapidamente. Por isso, quando uma ferida na boca, seja ela no céu da boca, na língua ou na bochecha, persiste por mais de três semanas, isso é um sinal de alerta que não deve ser ignorado. A cicatrização demorada indica que o processo de reparo natural do corpo está sendo interrompido por algum motivo.

Isso pode ocorrer por diversas razões. A ferida pode estar em um local de atrito constante, como perto de um dente quebrado ou de uma prótese mal ajustada, o que dificulta a cura. No entanto, uma úlcera que não cicatriza também é um dos principais sinais de alerta para lesões mais sérias, incluindo o câncer oral. É importante frisar: a grande maioria das aftas não é câncer. Contudo, a única forma de ter certeza é através de uma avaliação profissional. Um dentista ou médico poderá examinar a lesão, entender seu histórico e, se necessário, solicitar uma biópsia para um diagnóstico definitivo. Adotar uma postura proativa é crucial. Além do acompanhamento médico, manter um estilo de vida saudável é fundamental para a saúde geral, e isso inclui conhecer práticas de saúde preventiva, como uma dieta rica em certos vegetais, que contribuem para o bom funcionamento do corpo. Procurar ajuda neste caso não é motivo para pânico, mas sim um ato de responsabilidade com a sua própria saúde.

2. Aftas muito grandes ou que surgem em grupos

O tamanho e a forma como as aftas se apresentam também contam uma história. A maioria das aftas, conhecidas como aftas menores, são pequenas, com menos de um centímetro de diâmetro, redondas ou ovais, e geralmente aparecem sozinhas ou em pequeno número. No entanto, existem outros padrões que merecem mais atenção. Se você notar o aparecimento de uma afta muito grande, com mais de um centímetro de diâmetro, e que é visivelmente mais profunda e dolorosa, você pode estar diante de uma afta maior. Essas lesões podem levar até seis semanas para cicatrizar e, frequentemente, deixam uma cicatriz.

Outro padrão preocupante é o surgimento de múltiplas pequenas feridas que se agrupam, formando uma grande área ulcerada. Este tipo, conhecido como afta herpetiforme (apesar de não ter relação com o vírus do herpes), pode ser extremamente doloroso e debilitante. Tanto as aftas maiores quanto as herpetiformes são menos comuns e podem indicar uma desregulação mais significativa no sistema imunológico. Elas podem estar associadas a condições de saúde subjacentes, como doenças autoimunes ou deficiências nutricionais severas. Um profissional de saúde pode investigar a causa e prescrever tratamentos mais potentes, como corticosteroides tópicos ou medicamentos sistêmicos, para controlar a inflamação e acelerar a cicatrização.

3. Dor intensa que impede a alimentação

Toda afta dói. O contato com alimentos, bebidas ou até mesmo a língua pode causar uma dor aguda e irritante. No entanto, existe uma diferença clara entre o desconforto gerenciável e uma dor tão intensa que impede tarefas essenciais como comer, beber e falar. Se a dor da afta está comprometendo sua capacidade de se nutrir e hidratar adequadamente, é hora de procurar ajuda. A dor incapacitante não é apenas um sintoma; ela se torna um problema de saúde por si só.

A dificuldade para comer pode levar à perda de peso e a deficiências nutricionais, o que, por sua vez, pode enfraquecer seu sistema imunológico e dificultar ainda mais a cicatrização da afta, criando um ciclo vicioso. A desidratação, causada pela dificuldade em ingerir líquidos, é ainda mais perigosa e pode levar a complicações sérias. Um médico ou dentista não apenas investigará a causa da afta severa, mas também poderá oferecer soluções eficazes para o controle da dor que não estão disponíveis sem receita. Isso pode incluir anestésicos tópicos mais potentes, medicamentos anti-inflamatórios ou outras terapias que permitem que você volte a se alimentar e se hidratar corretamente enquanto a ferida cicatriza. Não minimize uma dor que afeta sua qualidade de vida.

4. Episódios muito frequentes (aftas recorrentes)

Ter uma afta de vez em quando é normal. Muitas pessoas experimentam isso ao longo da vida. Mas se você se vê emendando o fim de uma crise de aftas com o início de outra, ou se tem novos surtos todos os meses, você está lidando com uma condição chamada Estomatite Aftosa Recorrente. Isso significa que as aftas não são um evento isolado, mas sim um problema crônico. Neste cenário, tratar apenas a ferida do momento é como enxugar gelo. É preciso investigar o que está causando essa recorrência.

As aftas que voltam sempre são frequentemente um sinal externo de um desequilíbrio interno. As causas podem ser variadas e incluem:

Deficiências nutricionais: Falta de ferro, zinco, ácido fólico ou vitaminas do complexo B (especialmente B12) é uma causa comum.
Alergias ou sensibilidades alimentares: Certos alimentos, como chocolate, café, nozes, queijos ou alimentos ácidos, podem ser o gatilho para pessoas sensíveis.
Estresse crônico: O estresse emocional e físico pode desregular o sistema imunológico, abrindo a porta para as aftas.
Doenças gastrointestinais: Condições como a doença celíaca, a doença de Crohn e a colite ulcerativa estão fortemente associadas à ocorrência de aftas recorrentes.
Alterações hormonais: Algumas mulheres notam o aparecimento de aftas em fases específicas do ciclo menstrual.

Um profissional de saúde pode solicitar exames de sangue e fazer uma análise detalhada do seu histórico para identificar o gatilho. Tratar a causa raiz é a única forma eficaz de quebrar o ciclo de recorrência e melhorar sua saúde de forma duradoura.

5. Presença de febre ou mal-estar geral junto com as aftas

Uma afta comum é uma condição estritamente local. O problema está confinado à sua boca. No entanto, se o aparecimento das aftas vier acompanhado de sintomas sistêmicos, ou seja, que afetam o corpo todo, o cenário muda completamente. Preste atenção se, junto com as feridas na boca, você apresentar febre, calafrios, gânglios linfáticos inchados (as “ínguas” no pescoço), dores no corpo ou um sentimento geral de cansaço e mal-estar.

Esses sintomas indicam que o seu corpo está combatendo algo mais do que uma simples úlcera bucal. Pode ser um sinal de uma infecção viral, como na doença mão-pé-boca, ou de uma infecção bacteriana. Em casos mais raros, pode ser a manifestação de uma doença autoimune sistêmica, como a Doença de Behçet, que causa inflamação nos vasos sanguíneos de todo o corpo, ou o Lúpus. Nessas condições, as aftas são apenas um de vários sintomas. Ignorar esses sinais e tratar apenas a boca seria um erro. A consulta médica é indispensável para um diagnóstico correto e para iniciar o tratamento adequado para a condição sistêmica, o que, por consequência, também resolverá o problema das aftas.

Entender o próprio corpo é uma das ferramentas mais poderosas para cuidar da saúde. As aftas, na maioria das vezes, são apenas pequenos contratempos. Mas, como vimos, elas também podem ser importantes sinais de alerta. Saber diferenciar uma situação da outra é o que transforma o autocuidado em uma prática segura e eficaz. Se você se identificou com qualquer uma das cinco situações descritas, não hesite. Marcar uma consulta com seu dentista ou médico não é um sinal de fraqueza, mas sim um passo inteligente e proativo. É a melhor maneira de garantir que você está no caminho certo, seja para obter um alívio mais rápido de uma afta severa ou para investigar e tratar uma condição subjacente. Cuidar da sua boca é cuidar da sua saúde por completo.